sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Elle

Ela era linda, definitivamente linda. Não importava mais como havia chegado onde estava ou onde ficava o lugar em que estava. Seus olhos demoraram um pouco até se acostumarem com a imagem dela, não conseguiam focar ela muito bem. Percorreu com o olhar todo o corpo da jovem, seus olhos e seus cabelos eram escuros como o mais profundo vazio, seu vestido compartilhava a cor deles, seu olhar parecia ignorar seu corpo e penetrar diretamente em sua alma, quase a arrancando, sua pele era de um branco tão puro que fazia com que seus olhos e cabelos parecessem, se possível, ainda mais escuros, e suas unhas e lábios eram vermelhos como o sangue dos inocentes.
A imagem dela era aterradora. Ele podia sentir o pânico que ia crescendo dentro de si apenas de estar na presença dela, e ao mesmo tempo sentia crescer também o encanto e a paixão bestial e diversos outros sentimentos que se escondem no raiar dos primeiros raios do sol.
Quem é ela? Pensou.
Um pequeno movimento nos lábios dela. Uma voz tão linda, tão profunda, tão impiedosa que por si só fazia com que a existência do ouvinte fosse tão insignificante quanto formigas para o sol.
“Pode me chamar de Elle.” Ela disse.
E ele soube que seria ela a lhe devorar o coração. Ele estava perdido.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

o caminho(?)

Sombras e escuridão. Tudo se desfaz e morre com o tempo.
Nem tudo deixa de existir, entretanto. Algumas coisas apenas se dividem em pequenos fragmentos, pequenos o suficiente para não serem vistos ou notados, mas que ainda estão lá, apesar de não mais vivos propriamente ditos.
Destruição não faz com que deixemos de existir, apenas nos reduz novamente a esses pequenos pedaços, para que então possamos ser reaproveitados.
Todos nossos caminhos são asfaltados com aquilo que foi destruído, que deixou de ser. Sempre seguimos em frente à custa do que foi perdido. Tudo que deixou de ser em nossa vida, que lamentamos por ter acabado e que agradecemos por ter encontrado seu fim, tudo é responsável pelo caminho que trilhamos, todas essas coisas foram destruídas e se tornaram elemento fundamental na construção da via de sua vida.
Por isso, não renegues ou lamente teu passado, pois ele é o causador do teu presente, todos seus sucessos e suas ruínas.
Se você detesta teu presente, não culpe os acontecimentos do teu passado, eles não desejaram em momento algum seu mal. Ao serem destruídos por ti e pelo tempo, eles buscaram guiar-te baseados no que eles foram. Dê ao tempo o material necessário para criar um caminho o qual você queira trilhar. Honre tudo aquilo que foi sacrificado para levar-lhe até onde estás, pois, um dia, tu também farás parte do chão debaixo dos pés de alguém, após ser tocado pelo malho de Destruição.